Ricardo Gondim
Chega de encenações piedosas mal ensaiadas nos púlpitos e nos palcos. Chega de frases doce enjoativas nas liturgias. Chega de afirmações teológicas contundentes – mas que não passam de chavões. Chega de ameaças tipo “cuidado, Deus vai pesar a mão”. Chega de proselitismo que tenta passar por evangelização – além de impertinente, esse proselitismo só espelha a indisfarçável arrogância de quem se considera correto e puro.
Chega de arengas. Conflitos insuflados por quem carece de ambientes antagônicos para prosperar não podem continuar como se fossem zelo. Que cesse também o sorriso manso dos apanagiados pela simonia denominacional. Que cause asco nos cristãos ver lobos, famintos de poder e riqueza, recobertos com a lã das ovelhas. E que a luz sobre vampiros religiosos projete uma sombra que mostre como eles se parecem com os demônios da arte medieval.
Chacais e colibris não se alimentam nas mesmas fontes; ratos e leões não partilham da mesma lama – e nem todos os gatos são pardos. Tampouco se deve colocar todo o clero numa vala comum. O tempo, senhor da razão, logo revelará que não se parecem entre si os que edificam sobre pedras preciosas e os que edificam sobre palha. Não tarda e bufões religiosos, que não gaguejam suas verborragias, serão desnudados. O fundamento parece escondido por estar sob a superfície, mas logo será gritado em cima dos telhados. Aproxima-se o dia em que não se ouvirá mais o tilintar das moedas que enriquecem os vendilhões do templo.
Antes que passem pelo fogo os que dizem “em teu nome faço milagres”, alguns devem gritar “chega”. É necessário que mercadejadores da esperança saibam: seus disparates e estultícias alcançaram os ouvidos de Deus. Sim, em sua justiça, Deus não tolera mais tanto escárnio. Quando a banalização do sagrado se junta ao aviltamento da ética, a espiritualidade para nada mais presta senão para servir de chacota. Nunca foi tão urgente que os crentes se unam contra os cambistas do templo; e que os desterrem.
Urge que profetas lembrem os falsos bispos: se o céu parece indiferente ao riso da hiena e a luz da lua não denuncia o voo do abutre, mesmo assim o ímpio não subsistirá na congregação do justo. A aragem do deserto, que falsos evangelistas produzem, os espalhará como moinha. A panaceia do moralismo que esconde descalabros não há de alongar-se. Tornou-se urgente rechaçar o conselho dos apóstolos autoreferenciados, vaidosos e emburrecedores da vida. Antes que as pedras clamem por justiça, que mais vozes se levantem contra os aproveitadores da credulidade de quem tanto sofre.
Se compete apenas aos anjos separar o joio do trigo, Deus não vai demorar em dar ordens para que eles peneirem quem é quem. Se é prerrogativa exclusiva do supremo pastor apartar ovelhas e bodes, ele logo vai separar os apriscos. E se há um dia de prestação de contas, que os religiosos anotem: o juízo começa pela igreja.
Soli Deo Gloria
fonte: site do Ricardo Gondim
Tudo o que milhares de crentes pensam mas não tem coragem de dizer. Muito bom.
Acredito que cabe dizer aqui também que já basta de tantas supostas ovelhas insatisfeitas de terem sua lã roubada por líderes pérfidos, cuja vaidade é o paradigma de êxito prelatício, quando na realidade essa insatisfação não passa de dissimulada invídia, estimulada pelas abundantes juras humanas de poder temporal e exemplificadas pelos poucos abutres de altar (nem sei se são tão poucos assim) que ostentam essa falsa ideia de “benção”. O pior é que essas ovelhas entram em blogs como este, leem as palavras cítricas, porém refrescantes, da verdade bíblica ditas por alguém que teve coragem de dizê-las e realmente acreditam que estão participando do mesmo pensamento e sentimento: basta, ímpios!
Favor citar a fonte de onde copiou esse texto,kkkkk.