Publicado no Hypescience
Se você volta e meia sente que está sendo manipulado quando passa horas pendurado em seu smartphone, como se sua mente estivesse sendo deliberadamente sequestrada por aplicativos, você tem razão.
Ao menos é isso que Tristan Harris, antigo designer de aplicativos do Google, afirma. A cada clique, notificação ou toque na tela, segundo Harris, os designers de aplicativos manipulam o usuário a passarem cada vez mais tempo com sua atenção inteiramente devotada ao aparelho e seus apps.
Harris foi gerente de produto e designer do Google, mas hoje dirige uma ONG chamada Time Well Spent (“Tempo Bem Gasto”), que trata justamente do aspecto aditivo da tecnologia e de como os aplicativos podem ser melhor desenvolvidos.
Sua missão pessoal é combater a intenção de apps como Facebook, Instagram e Snapchat de nos manter viciados o máximo possível – ou ao menos de informar ao público que tal manipulação de fato ocorre.
Sua luta é para que os aplicativos sejam desenvolvidos não para nos manter prisioneiros, mas, sim. tendo em vista o que será melhor para a vida dos usuários. Tal processo vicioso se dá em detalhes, como nos sneapstreaks do Snapchat ou dos vídeos automáticos do Facebook e Instagram.
“É tão invisível o que estamos fazendo com nós mesmos”, diz Harris.
“É como uma crise pública de saúde. Como o cigarro, com a diferença que nos foi dado tantos benefícios que as pessoas não conseguem enxergar ou admitir a erosão humana que acontece ao mesmo tempo”.
Apesar dos evidentes benefícios, pesquisas indicam que Harris tem um tanto de razão: o uso excessivo de redes sociais parece aumentar os índices de depressão, isolamento social e até mesmo a diminuição de nossas capacidades cognitivas.
A soma da capacidade de “sequestrar” nossa atenção com o uso publicitário de tais apps, por exemplo, aponta somente uma pequena sombra do mal manipulador que a atual tecnologia pode provocar.
Harris trabalha para que políticas publicas ao menos informem a população das políticas de persuasão e manipulação de tais empresas – para que a qualidade de vida dos usuários, e não somente dos donos das empresas, sejam ainda o ponto mais importante de tal debate.